sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Diversas histórias - Volume V

No labirinto da memórias

-> Nota do Autor - Dizem por aí que vivemos de lembranças que ainda não temos, ou seja, o futuro é algo que pode ser lembrado, mas não é disso que quero falar, memória é tudo aquilo que é armazenado no cérebro, seja gosto, cheiro, cor, formato, etc... Podendo ser também uma lembrança completa, pois bem, é disso que quero falar... <-

Andava sozinho por um corredor, onde belos campos de flores azuis serviam de estampa para as paredes... O tempo estava úmido, e o clima frio. Andava descalço, pisando no chão coberto superficialmente por musgos de textura curiosa, e fria. A iluminação era baixa, quase toda proveniente de outro cômodo, ao final do corredor, isso lhe lembrou uma solitária, tal qual aquelas descritas pelos professores de História quando falam das torturas usadas na ditadura.
Seguiu em frente até alcançar a sala iluminada... tudo nela era branco. Havia um sofá, onde pulou pra testar a maciez, era tão confortável... Havia também uma lareira, branca, onde uma madeira(também branca) que queimava emitia um chama que de tão alva confundia-se com a parede branca ao fundo. Nossa, os olhos até doíam. A temperatura era muito agradável, e o ar era leve e brando. Sentiu-se na sala de espera do dentista, onde tudo era limpo, confortável e perfeitamente branco. Do outro lado da sala haviam 3 portas, todas brancas.
Escolheu a do meio, e a primeira coisa que notou ao abri-la era que o outro lado era marrom, como qualquer outra porta. Era um corredor repleto de coisas, lembrava muito o quarto da bagunça, onde guardava coisas tralhas não mais usadas. Era um lugar muito empoeirado, que lhe fez espirrar algumas vezes... Passou por toda aquela bagunça e abriu uma porta que, de tão velha, rangeu estridentemente. Do outro lado, era somente uma porta nova, de madeira comum, que abria e fechava sem barulhos.
Esse novo cômodo era bem familiar, a sala de troféus do seu colégio... Prateleiras de vidro onde brilhavam símbolos do heroísmo, da garra e da dedicação ao esporte. Premiações que não expressavam o suor do esforço dos treinos, nem o cansaço dos atletas, nem o desgaste físico e psicológico. Um mera sala que os diretores exibiam a todos como se houvessem participado ativamente de tudo aquilo. Por falar em diretores, caminhou até a porta da sala do diretor, na qual esteve presente por diversas vezes, ora pra acusar, ora por ter sido acusado.
Ao abrir a porta tomou um susto, quem estava sentado naquela poltrona, atrás da mesa atolada de papéis e outras bagunças, era ninguém mais do que ele mesmo! Passou algum tempo adimirando a ele mesmo, bem mais velho, sentado ali... havia se tornado somente mais um diretor imerso em montanhas de papéis e problemas. Bateu a porta com força, mas estranhamente, não voltou pra sala de troféus...
Era um laboratório, pipetas, tubos de ensaio, microscópios, freezeres, bisturis. Era o laboratório de biologia, e seu cheiro embriagante de nada, vez ou outra confundido com cheiro de hospital. Lembrou-se de suas notas terríveis nessa matérias, abriu a porta e correu.
Estava descalço de novo, pisava na grama, o cheiro leve dos ventos da manhã chegava-lhe as narinas, e a brisa balançava-lhe os cabelos. Algumas árvores, com muitos frutos e flores, coloriam o ambiente, e uma estrada longa e estreita levava a uma casa... Lembrou-se vagamente daquele sítio, já estivera ali, só não sabia quando. No meio do caminho havia uma bifurcação(e não uma pedra, kkk), um lado ia até as portas da casa enquanto o outro levava a uma porta, que estranhamente apoiava-se no nada. Pensou na diversão e na sensação gostosa de adrenelina nas veias, escolheu a porta solitária. E ao abri-la o ambiente mudou.
Estava agora com um uniforme, que lembrava-lhe um escoteiro. Pisava num chão duro, e via no horizonte um árvore grande com folhas muito verdes. Estava quente, muito quente, e os fracos ventos que passavam nada influenciavam na temperatura. Aquele ambiente, ele conhecia, nunca havia estado ali, mas aquela paisagem... Havia visto no livro de geografia, chamava-se savana. Lembrou-se de leões, hienas e outros grandes carnívoros e correu, na maior velocidade que pode, até a árvore. Ao chegar, bastante ofegante, subiu e viu que no alto dele havia uma porta. Foi até ela e abriu.
................ Sentiu-se tão pequeno. Olhou pra frente, viu um cercado, brinquedos coloridos estavam no seu colo. Um choro de criança alcançou-lhe os ouvidos. Olhou então para suas mãos, tão pequenas, seus pés, também pequenos,e sentiu algo grande em torno da sua virilha, estava de fralda. Sim, agora sabia onde estava, estava na creche, e o doce cheiro de perfume infantil, misturado a talco estava no ar. Esforçou-se um pouco pra ir pra frente e abriu a porta do cercado. E o ambiente mudou.
Era um corredor comum, sem portas, fechado em cima. Correu pra um dos lados, havia outro corredor, seguiu em frente frente e viu que ele se dividia em mais dois. escolheu o caminho da direita. Andou até o corredor se dividir novamente, foi agora pra esquerda... Um medo tomou-lhe o peito, concluiu então que aquilo era um labirinto. As paredes estão se encheram de memórias, imagens, sons, tudo tão real. E agora? Como sair? Gritou desesperadamente e correu, passando por vários corredores, todos se dividiam em 2, em cada um lembranças diferentes. Resolveu se sentar, seu coração batia muito rápido. A temperatura era normal, assim como a umidade, as paredes repletas de imagens, pequenos vídeos, e haviam então diversos barulho e cheiros algum no ar. Um pensamento lhe passou pela cabeça, ele realmente nunca estivera alí, não fisicamente. Mas aquele ambiente estava em seu cérebro, era ele, o labirinto da memória, para isso só havia uma explicação... Havia lido aquilo! Viu derrepente o teto se abrir e uma luz tomar o ambiente. Viu-se então no seu quarto, porém, em dimensões assustadoramente grandes. Olhou pra baixo e viu letras também muito grandes, havia saído do livro, deveria estar em cima da sua cama. Andou até a beirada, nossa como era alto. Foi até a cabeceira da cama, deitou-se no travesseiro, e simplesmente cresceu. Que pena, tudo havia voltado ao normal... Estava liberto do labirinto das memórias, bem vindo a vida real.

2 Comments:

Anônimo said...

coco tem uma coisa p vc no meu brog

=**

Anônimo said...

portas e labirintos existem a todo instante.

só não dá pra ver.




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Momentos...

Momentos...
"Mas aqueles anjos agora já se foram, depois que eu cresci"