quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Irrealidades fantáticas (Volume I) - A Garota

Estava, como sempre, distraído. Olhava para o nada atentamente, talvez fosse necessidade de ver algo novo, belo.Fiquei alí, sentado, refletindo sobre a perspectiva de uma rotina cansativa.Desisti de mudar o cotidiano da minha vida, e fui andando pelo corredor, foi aí que me surpreendi...Dois olhos brilharam pra mim, e piscaram, combinando com um belo sorriso, e ela disse: oi.Eu, bobo pela situação, respondi fracamente um "oi".Seus cabelos, sua boca, sua pele, tudo tão perfeito...Fui andando por outro corredor, diversas pessoas passavam por mim, muitas delas eram conhecidas,alguns comprimentaram-me, ou somente acenaram de longe, e eu, como sempre, respondi a todos.Entrei no banheiro, olhei-me no espelho, vi minhas olheiras, meu cabelo cacheado sempre bagunçado, minha boca pequena...Fui pra sala, ainda pensando naquele sorriso, naquela garota, e não consegui concentrar-me em mais nada, em minha cabeça aquela imagem permanecia passando, como um filme, repetindo-se várias vezes.Eu olhava pro balanço das folhas da árvore da janela, e lembrava do cabelo balançando enquanto ela caminhava..."Porquê? Porquê eu nunca havia reparado nela, na beleza que ela tem"... algo bobo interrompeu meu pensamento, e decidi não voltar no encanto daquela garota.Olhei no relógio, era horário de intervalo, e todos saíram da sala, como de costume, porém permaneci lá, sentado no chão, com os olhos fechados, ouvindo minhas músicas prediletas...Alguém me tocou a cabeça, e eu, como se houvesse sido acordado, vi embaçadamente uma imagem na frente ir tomando forma e nitidez.Meu coração disparou, fiquei sem cor, era ela, com aquele sorriso que aquece até o último canto do meu coração...Eu, ainda sem jeito, me levantei, mas nada consegui dizer. E ela adiantou-se, dizendo:- Obrigado por seu sorriso hoje mais cedo, foi tão autêntico, tão cheio de vida, que não consegui não pensar nele...E após suas surpreendentes palavras ela riu, era um sorriso quase infantil, encantador, puro.E eu, como quem sofre um pequeno lapso de memória, apenas ri, mal sabendo o que estava fazendo.Como tomado por uma força externa, decidi abraça-la. (Foi aquele o abraço mais gostoso de minha vida)Ela, até parecendo um velha amiga, retribuiu o abraço, e eu pude então sentir teu perfume, sua pele macia,e seu coração pulsando forte...Quando olhei em seu rosto vi os mesmos olhos brilhantes, talvez até mais agora, pois estavam um pouco úmidos.Ela estava tão maravilhada quanto eu... era um momento mágico.Alguém, bruscamente, entrou na sala, fazendo grande barulho com a porta.Nos assustamos e nos afastamos rapidamente. Aquilo não fora bom, porém, gargalhamos largamente da situação.E ela se foi corredor a fora, e a segui com o olhar...Senti-me então vazio, como se parte de mim houvesse ido com ela.E voltei pro chão, para as minhas músicas prediletar, pra minha rotina cansativa.Aos poucos, as pessoas foram voltando pra sala, e eu via rostos sérios, olhos medrosos.Pensei comigo: "Espero que um dia, nem que por um mero instante, eles possam sentir a mágica de quebrar a rotina com coisas tão simples, e belas..."E depois desse dia, nunca mais a vi sem que lhe desse ao menos um "Bom dia" e um abraço.Dois amigos, que guardavam em si mesmos o segredo do momento perfeito: um sorriso, dois olhos brilhantes, e um "oi".


Breve nota: fosse antes realidade talvez não precisasse sonhar.

2 Comments:

Anônimo said...

Poxa...

essas realidades...ou seriam sonhos?
eles se confundem...

Lua Durand said...

que lindo.

mas todo sonho é um pouco de realidade.

sabe, um dia ainda vou morrer dormindo, e nesse dia terei o meu melhor sonho, para nunca mais sair dele.

beijos

au revoir

Momentos...

Momentos...
"Mas aqueles anjos agora já se foram, depois que eu cresci"