sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Do que eu sou...

Chega um instante na sua vida em que você começa a respeitar a si mesmo.
Mas, não é de entender seus porquês que falo, ou de justificar teus atos.
Não! Falo de algo maior. Algo duradouro. Uma conquista!
Falo da felicidade real. De amar a si mesmo. De não se sentir sozinho quando tua única companhia for você mesmo.
Sim, falo de não ter máscaras. Falo de ter coragem de abrir mão dos seus medos mais íntimos.
Chega um momento em que você sente que finalmente encontrou aquilo que procurava: um caminho para o seu interior.
Mas é tudo tão simples!
É tudo tão frágil e delicado por dentro que parece difícil não destruir nada.
Mas é preciso fazê-lo! É necessário desconstruir os elementos e reagrupá-los, frente aos novos aprendizados da sua vida. Essencial, então, esforçar-se em reentender-se, em reconquistar-se, em não perder o gosto pelo seu novo eu.
Somente assim, reaprendendo a ser você, é possível ser feliz.
A felicidade não foi feita para ser aprisionada. Para ser tomada nas mãos e guardada junto ao peito. Não, felicidade é sensível a egoísmo. Existe para ser partilhada, para nutrir vínculos e fazer florir amores.
É assim me vi, depois de longa caminhada.
Se todos sentissem o que sinto agora, não haveria tristeza...
Brotariam sorrisos e lágrimas.
Sobraria ternura.
Porque este é quem sou agora.
Este é quem quero ser.
A felicidade verdadeira em fluxo, a melodia em execução.
Do que sou agora, nem tudo é real, ainda.
É intenso, vívido e crescente.
Tem sabor de novidade.
Do que sou hoje tudo é reconstrução, tudo caminha para algo maior.
Até que um dia eu possa encontrar o amor, e ser felicidade plena.
Então, já não serei eu, mas sim, nós.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A vida que eu quis pra mim

Na vida que eu quis pra mim,
Tudo parecia muito simples e fácil.
A casa, os amigos, o trabalho, a música.
Grandes feitos profissionais, grandes viagens, grandes aventuras.
Diversas lembranças, diversas barreiras, diversas oportunidades.
A sala, o sofá, o quarto, a cama de solteiro.
O cachorro na varanda, o peixe no aquário.
Paredes estampadas e alguns bocados de recordações.
Comida de qualidade, mobília trabalhada.
Na vida que eu quis pra mim,
Tudo parecia único.
Sólido, insólito, insosso, insone.
Alegria, histeria, apatia, solidão.
Um mundo sem cores.
Falta o norte, o meio, o prumo.
Falta alguém para dividir.
Falta certeza, companhia, rumo.
Falta você existir.
E agora você existe.
E essa não é mais a vida que quero pra mim.
Quero palco e camarim.
Quero som em comunhão.
Quero você pra mim.
Total, fatal, legal.
Quero você em mim.
E não quero mais nada.
Sem clichê, sem sonho chinfrim.
Sem drama nem florim.
Só quero você pra mim.
Eu quero você pra mim.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Cuidador

Com o coração aos pulos, a respiração cansada e os músculos fraquejando, sentei-me no primeiro banco que achei.
O céu estava muito aberto e as estrelas enfeitavam o firmamento, felizes.
Fechei os olhos e por um instante tentei não pensar, tentei silenciar a mente ao menos uma vez. Obviamente, não consegui.
Fervilhavam idéias e pensamentos. Atropelavam-se pensamentos de toda natureza, com suas formas e cores indefinidas, com suas pulsões próprias, seus ideais.
Tudo que eu sabia, é que um sentimento destacava-se dos demais.
No fundo, eu sabia que deveria me entregar a ele e me deixar conduzir. Intuía sua natureza maior, e isso me trazia um conforto enorme.
Via-me o cuidador, mãos a ajudar.
Nunca soube o porquê disso, mas era como se houvesse necessidade em cuidar. Como se amparo ao outro fosse, especialmente, a mim. Como se tudo se enchesse de luz e derramasse por cada lugar, por cada pessoa, em cada pegada.
Sim, era aquilo que eu queria ser. Aquela era minha meta, minha realização.
Aos poucos, fui voltando a mim e retomando a sobriedade. Fui sentindo cada parte do meu corpo, até, por fim, abrir os olhos. Levantei-me refeito.
Sob o céu estrelado, prometi a mim que seria o cuidador.
Zelador de mim.
E nunca mais fui o mesmo.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Saudade, sim

É saudade sim, não é, senão, outra coisa.
Uma vontade de trazer no tempo o que outrora pudemos partilhar: momentos.
Faz casa em meu coração, aloja-se confortavelmente, fazendo sentir em todo o corpo, mente e alma.
Sinto como se estivesse a centímetros do seu abraço, dos seus braços, do seu amor.
Amor este, que de tão fraterno, salva, alivia, revigora.

É saudade sim, mas não é tristeza.
Um desejo intenso de fazer feliz, de fazer sorrir.
Talvez, pelo hábito de conviver, muitas vezes, perdemos o brilho dos gestos.
Ou mesmo, esquecemos de sentir a emoção de estar na presença do ente querido.
Um sentimento tão gostoso que faz valer toda a vida. Faz renascer na amizade e na compaixão, no carinho e na ternura, no silêncio e no perdão.

É saudade sim, mas é de uma beleza inenarrável.
A intrínseca necessidade de fazer o bem, doar-se, fazer da felicidade do outro um desafio seu. Como é bom sentir correr nas veias o bálsamo iluminado do amor.
Mas não aquele egoísta, que limita e sufoca, que retém e determina... É, senão, aquele que cria oportunidades, que ensina, que educa, que exemplifica e que vive.
É esquecer de si para lembrar do outro, é perder-se para se encontrar no amor.

É saudade sim, são versos sentidos na poesia da vida.
O fruto bendito de um sentimento que anseia por reviver-se.
Sinal maior da grandeza de um instante, da força do coletivo, a essência da construção do ser. Não se pode conhecer a si sem entender as necessidades do outros.
Não, a saudade não é uma cruz que, de forçoso que é, fere aquele que o carrega, qual algoz violento que deseja subjugar à força.
A saudade é uma dádiva, reconhecimento da benção divina que liga duas pessoas.

É saudade, sim. Não é coisa outra que não o amor.
Laço que não se desfaz pelo efeito do tempo.
Força que move o universo, que sou, que é você.
Saudade é a tendência natural que tudo tem a reencontrar-se.
Tudo a seu tempo. Não há solidão, não há receio...
O amor espera, paciente, pelo instante em que tomará a cada um.
A oportunidade virá. Acalmemos o coração e eduquemos o espírito, porque só aquele que se conhece pode livrar-se do medo de ser feliz.
Sejamos felizes!

Momentos...

Momentos...
"Mas aqueles anjos agora já se foram, depois que eu cresci"