Com o peito arfante, Joanna seguiu em direção a sua casa, correndo. As duras palavras do soldado ainda ecoavam em seus ouvidos, e a sensação de estar desprotegida era estarrecedora. Correndo a passos sensivelmente maiores que suas pernas, a garota invadiu sua rua e mirou sua casa. Sua mente gritava por socorro, queria sentir-se segura, queria abrigar-se do medo.
Com um golpe certeiro, Joanna abriu a porta de uma vez e a bateu com força. E em um giro lento encostou-se na parede, onde foi escorregando lentamente até tocar o chão. E enfim, chorou. Lágrimas grossas varriam-lhe a face, arrastando consigo o gosto amargo e salgado de desesperar-se.
A menina não soube estimar quanto tempo passara ali, sentada. E apesar de seu corpo apresentar naquele instante um peso descomunal, levantou-se e observou janela a fora. Seus olhos arregalaram-se, e seus ouvidos sensibilizaram-se diante do baque pesado que se espalhava pela rua. Os soldados marchavam, e berravam com ira, batendo os pés e as armas no chão.
Seu coração vibrou ainda mais forte e determinado do que na livraria. O estrondo repetitivo determinava o ritmo, tudo naquele lugar pulsava. Joanna correu ao quarto de sua mãe, mas notando seu repouso pôs-se em silêncio, girando a maçaneta levemente e fechando o quarto à chave.
Com doces e trêmulos passos, a garota sentou-se ao lado da cama de sua mãe. Encostou devagar sua cabeça no colchão macio. Aos poucos, sua mente foi voltando pro lugar, e a sensação de segurança aqueceu se coração. A simples presença de sua mãe a fazia iluminar-se por dentro. Sua mão foi vagarosamente ao encontro da face daquele ser bondoso ao seu lado. Tocou-a.
Naquele instante suas pupilas dilataram-se a ponto de esconder a íris, e o sangue parou em suas veias. Ela estava gelada, assustadoramente gelada, e úmida. Seus músculos não respondiam, seu corpo petrificara-se, por completo. Uma dor aguda instalara-se em sua cabeça. O quarto rodava rapidamente diante de seus olhos, e o ar faltava-lhe nos pulmões. Seu corpo pendeu para o lado e Joanna permaneceu no chão, desacordada.
- Minha filha – Disse a voz paciente de sua mãe – Você vai precisar ser forte. É chegado o tempo, meu anjo, de seguir para o sem fim. Orgulho-me muito de você Joanna, do seu caráter, da sua fibra, da sua força de vontade. Meu tesouro, tenho que partir. Estarei sempre com você, quero que se lembre disso. E se precisar me encontrar, procure dentro de você, estou aí, em seu coração. Adeus Joanna.
- Nãaaaaaaaaaaaaao – Berrou Joanna em um grito rasgado. – Pelo amor de Deus mãe, nãaaaaao. Você é tudo que tenho. Não me deixa. Por Deus mãe, não me deixa.
O choro ininterrupto da garota abafou seus lamentos... Sua voz não se atrevia a dizer nada. Joanna era só escuridão por dentro. Agora, definitivamente estava só. Onde estariam seu pai e o Richard? Porque tanto sofrimento, porque tinha que ser assim? Seria tudo aquilo um pesadelo? Se o fosse, havia passado da hora de acordar.
A menina dos olhos castanho médio encontrava-se dilacerada ao lado do leito de sua mãe. A pele pálida, o olhar distante, a pulsação fraca. Adormecera ali. Rodeada por suas dores e prantos. Tocou novamente o corpo gélido de sua mãe na esperança de encontrar alguma fagulha de vida que lhe reacendesse a esperança.
Joanna ouviu batidas na porta da sala. Imaginou ser o soldado de outrora, mas dada a situação em que se encontrava, não havia mais nada que pudesse perder. A garota seguiu até a porta com um andar rastejante e fraco, e nem se quer se deu o trabalho de perguntar quem era. Em um movimento suave e cansado, abriu a porta.
Pela primeira vez naquele dia sentiu seu coração bater por algo que realmente a fazia feliz, era Hill, com seu típico ar de preocupação. E antes que ele pudesse perguntar alguma coisa, ela o abraçou. E encostando-se em seu peito, chorou. Um choro abafado, silencioso. Lágrimas brilhavam como pérolas no rosto apático da garota.
Ela o puxou pra dentro e fechou a porta. O silêncio da noite parecia música diante da carga de sentimento que habitava Joanna naquele instante. E abraçando-se fortemente a ele, a garota deixou a tristeza escorrer aos poucos, em gotas suaves e salgadas, que lhe brotavam dos olhos.
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Capítulo 04: http://loucurasredigidas.blogspot.com/2009/01/04-acontecimento-surpresa.html
sábado, 31 de janeiro de 2009
(05) Lágrima-despedida
Pensado por Eolo, Senhor dos Ventos... Às 01:54
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Momentos...

"Mas aqueles anjos agora já se foram, depois que eu cresci"
9 Comments:
Maarco, nossa adorei voce ter postado, estava esperando a continuação dos posts anteriores e estou adorando toda a historia!
baci :*
=]
agradeço a visita!
hoje estou sem muito a dizer... [cansada]
"Com um golpe certeiro, Joanna abriu a porta de uma vez e a bateu com força. E em um giro lento encostou-se na parede, onde foi escorregando lentamente até tocar o chão..."
Pude ver os fatos com clareza em minha mente.
Sabe... chorei com Joanna!
Beijos!!!
eu tenho guardado um tanto de cada capítulo teu...mas só comendo verdadeiramente ao final dele.
ps. o silêncio da noite por cá, sempre soa como uma boa música e a música do oasis caiu feito uma luva hoje! =)
Abraço Marcão.
não, não vou comer absolutamente nada do final. Mas com certeza comenTarei =)
Você escreve com verdadeira perfeição, caraa como você faz isso? Eu me ajeito toda pra entrar na sua história, sinto cada sentimento dela. Continuee.
estou gostando muito! beijão
Amado,
É você, e SÓ vc pra me fazer ler um conto deste tamanho em pleno sábado, num calor desse. E eu um dia quero protagonizar a cena da Joana escorregando pela porta. Está entre as cenas Hollywoodianas que ainda quero pôr no meu currículo. E vc vai filmar. Hahahahhahahahaa!
Beijo meu lindo, lindo, lindo que adoro!
Cara muito boa a história
E espero que nem o pai e o irmão de Joanna estejam mortos, sauhushahu
Não dê um final triste, ainda mais com essa música do oasis, todo mundo que tá acompanhando vai chorar...
Abraço cara
=D
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