terça-feira, 2 de dezembro de 2008

(02) Tempo-passado

Richard, há quanto tempo não nos vemos, irmão. Acabo de ler aquela cartinha de 6 anos atrás. Hoje é meu aniversário... Estou fazendo 16 anos. Como vão as coisas por aí? Muitas coisas aconteceram por aqui. Sabia que já fazem 3 anos, 7 meses e 14 dias que a gente não se vê? Pois é. Vou listar alguns fatos importantes daqui pra você:

 

- Minha professora faleceu em decorrência de uma parada cardíaca. Assim que a sirene ecoou pelos corredores, ela foi andando e depois de alguns poucos passos tombou, vítima de um ataque fulminante. Seu velório foi bastante cheio, era bastante querida por todos.

 

- Nunca mais nevou como naquele ano... Apesar de que mês passado a mamãe ficou acamada, com um quadro moderado de pneumonia. Ela está muito frágil desde o acidente do papai, vez em quando ela fica num canto chorando, enquanto se faz de forte na minha frente.

 

- Minha vida mudou demais Richard. Meu corpo está estranho, me sinto inchada, disforme. Além de tudo, me incomoda muito o período menstrual, me sinto irritada, nervosa. Vejo que meu corpo está ficando parecido com o da mamãe, engordei muito, em pouco tempo. O 1º ano colegial é estranho Rich, as pessoas são ainda mais frias e nada é permitido. Às vezes, me sinto envergonhada por minhas roupas serem simples. O preço das coisas aumentaram muito. O trabalho da mamãe tem dado apenas para comprar comida. Começarei a trabalhar no próximo verão, na livraria do Sr. Toubach, lembra-se dela? Fica algumas ruas depois daqui.

 

- Consegui alguns amigos legais. A mamãe não me deixa sair com eles à noite, diz que é arriscado andar à noite por aqui. Mas eles são bacanas, de vez em quando tomamos um sorvete juntos. Somos 5... Eu, o Willian, o Tom, a Nancy e a Sarah. Confesso que o Tom me vê com bons olhos, mas a mamãe não aprova. Diz que ele não é um garoto sério, e que quer apenas se aproveitar de mim, mas não acho que seja isso.

 

- Ah, a Sarah é aquela mesmo. Nós nos entendemos, e acabamos virando muito amigas. A família dela foi muito afetada pela crise financeira, e parte dos negócios entraram por água abaixo. Depois disso ela descobriu que o mais importante da vida está no que somos, e não no que temos. Nos encontramos na rua, certo dia, e ela me pediu desculpas. Acabamos por conversar e agora estudamos juntas novamente.

 

- 16 anos não é fácil Richard, agora toco trompete na banda da escola e trabalho na biblioteca. Lá é meio parado, mas é legal. Um dos meninos da banda, o Hill (não sei o nome dele, mas o chamam de Hill), veio pra cá depois da crise. Ele morava no norte dos EUA, em uma cidade pequena que foi transformada em zona de treinamento. Depois disso, seu pai resolveu vir pra cá. A história dele é muito triste, ele perdeu a mãe e dois irmãos em um acidente de trem. Ele não fala muito, talvez por causa disso. É o melhor saxofonista da banda, mas está sempre sério. No intervalo, ele fica sentado sozinho, em algum canto... Dizem que ele fica o tempo todo relembrando o acidente, do qual saiu sem marca alguma.

 

Tenho muitas novidades pra contar ainda Richard, mas por enquanto fico por aqui.

Não demorarei a escrever-te novamente.

Saudades de você Rich, e dá um beijo no papai pra mim.

Como está a perna dele, não deixe-o fazer muito esforço, ok?

Já aprendeu a consertar as máquinas?

Você logo poderá substituir o papai.

 

Sinto saudade de você.

Espero te ver logo.

 

Um beijo,

      Joanna.



{OBS: pra quem não leu o (01), aí vai o link: http://loucurasredigidas.blogspot.com/2008_11_01_archive.html }

4 Comments:

Denise Pires said...

vc escreve muito bem marco^^ adorei ler o primeiro capitulo e gostei mais ainda do segundoo.. ansiosa para ver os proximoss^^
te adoro bjusssss

Rudnei Sales said...

Nuss

historia parece ser linda
aguardo a continuação

\o/

parabens !!

Nansson Marvila said...

MArcoooooooooooooooo[...]ooooo
Vc é Phodastico....Caraca Muito legal vc escreve Muito bem , To esperando o proximo capitulo =]

Anônimo said...

É, as coisas mudam.
Pena que, aquela velha história,
a gente só dá valor quando perde.

Muito bom!
A história tem um clima aconchegante.

Aguardando continuação [4]

Abç!

Momentos...

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"Mas aqueles anjos agora já se foram, depois que eu cresci"