terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Antes que a velhice chegue...

Quero aprender a rir com a mesma inocência que ria antes, quero aprender a chorar quando quiser chorar, ou calar quando não houver nada pra dizer. Quero aprender a ser eu mesmo, e não esconder a tristeza atrás da máscara, quero ser honesto comigo, quero assumir que não posso viver sozinho. Porque quando meu corpo estiver velho e cansado, e minha respiração falhar no meio de cada palavra, que haja resignação no meu peito, que ainda haja brilho em meus olhos...
Quero aprender a não julgar sem conhecer, e a arriscar mais sem medo de errar. Quero aprender um modo de não deixar buraco na vida de ninguém quando eu não estiver mais aqui. Quero entender de onde vem o meu sadismo, de onde vem meu instinto de vingança, de onde vem meu orgulho, de onde vem minha tristeza. Quero aprender a dizer "não" sem magoar quem ouve. Quero me poupar mais, me ajudar mais. E cuidar melhor de mim, sem ter que matar algo em mim pra nutrir o sentimento do outro.
E quando a saudade aperta porque não chorar? Será que suas lágrimas causarão tanto estrago assim a ponto de serem evitadas a todo custo? Mas se a cada lágrima contida um rio de tristeza e amargura corre em suas veias, será mesmo certo se destruir pra conservar o outro?!
Além do limite da razão está o amor... mas o que é o amor?
Antes que a velhice chegue, que eu aprenda a viver, que eu aprenda a buscar ideais comuns à felicidade de mais pessoas além de mim, que haja orgulho nas falas dos que lembrarem de mim, que eu eu possa ser útil a alguém, de modo a torná-la melhor, e terei assim feito algo que mudou o mundo. Ainda que tenha sido um mundo.
Antes que a velhice chegue quero ter pra onde ir, quero não desviar rotas pela necessidade de atenção que a idade implica, quero não estar revoltado ou louco, ou ainda blasfemar palavras sem sentido pelo simples fato de não ter sido o que eu quis ser.
Se a vida me trouxe até onde estou hoje, terei de viver do mesmo modo... que viva então sem sofrer mais do que precisa, que viva sem rir mais do que precisa. Que haja paz!
Ninguém jamais encontrará o equilíbrio, porque este é perfeito, e se é perfeito nao pode ser humano. Mas, sabendo que não alcancerei plenamente o equilibrio, que eu possa chegar perto... que não hajam temores ou culpas à se resolver. Pra que eu possa assim descançar em paz.
E que antes que a velhice chegue, espero ter aprendido a viver.

2 Comments:

Anônimo said...

Embora triste, é bonito saber que há desejo de vida. Saiba que eu sei bem o que é se sentir assim.
Me vi em cada palavra.
Espero que o pessimismo não entre em sua vida.

abç cara.
Ótimo texto.

Lua Durand said...

ela há de chegar um dia, e daqui pra lá, faça tudo para não se arrepender de nada.

beijo.

Momentos...

Momentos...
"Mas aqueles anjos agora já se foram, depois que eu cresci"